[vtr2008]

O DS3 não é um compacto comum. Praticamente de qualquer ângulo que se olhe, dá para perceber que tem uma função bem diferente do C3, modelo no qual é baseado. A ficha técnica mostra a mesma coisa. É um genuíno carro de imagem. Na Europa isso até significa que o preço do modelo será um pouco maior. Mas só um pouco.

Lá, os compactos requintados são mais caros que os comuns, mas algo na ordem de 20% – o que dá para digerir em nome de “estar na moda”. Aqui, onde a fome do governo por impostos e dos empresarios pelo lucro são maiores, os chamados “funcars” têm um mercado pequeno – e fica ainda mais restrito por chegarem sempre em versões topo de linha. É o que acontece com o DS3. Mesmo recheado de tecnologia, excelente desempenho e design caprichado, os R$ 80 mil espantam a freguesia.

Não é à toa que nos três primeiros meses de venda, o modelo ficou abaixo das expectativas da Citroën. Teve média de 120 unidades mensais, contra as 250 esperadas pela marca. Ficou longe, por exemplo, das 450 vendas médias do Hyundai Veloster, que tem proposta e preço bem próximos.

O desempenho do DS não impressionou mesmo em relação a modelos mais caros, como o MINI Cooper e o A1, que emplacam respectivamente, 160 e 110 unidades mensais em média. A favor do DS tem o fato de ele ainda não estar muito presente na mídia. Esse começo tímido pode ser só o começo mesmo. A título de comparação, no Reino Unido, terra do Mini, o DS3 é atualmente o modelo mais vendido da Citroên, com quase 9 mil emplacamentos nos seis primeiros meses do ano.

É claro que, no Brasil, a função do DS é ser de nicho, com a ideia de transmitir luxo e requinte. Nesse propósito, a lista de equipamentos precisa ser recheada. No quesito segurança, o compacto traz airbags frontais, laterais e de cortina, ABS com EBD, luzes diurnas de led e controle de estabilidade e tração. Entre os itens de conforto, estão lá ar-condicionado automático, trio elétrico, direção elétrica, rodas de liga leve de 17 polegadas e rádio/CD/Aux/Bluetooth.

Sob o capô, o modelo francês tem uma grande identidade com o rival britânico. O propulsor da família Prince que equipa DS e Mini é fruto da parceria entre PSA Peugeot Citroën e BMW. O DS3 usa o 1.6 THP com a mesma calibração que Peugeot 3008 e 408 usam. Dessa forma, são 165 cv e 24,5 kgfm de torque entre 1.400 e 4.500 rpm.

Mas tem um recurso a mais. Quando 90% do acelerador está pressionado, o sistema ativa o overbooster que eleva a pressão do turbo e adiciona 2 kgfm por 25 segundos. Tais números, aliados com os 1.165 kg de peso, levam o compacto francês até os 100 km/h em 7,3 segundos, apenas 0,1 s mais lento que o MINI Cooper S, que tem o mesmo propulsor numa configuração de 184 cv.

O visual também acompanha a modernidade explicitada no “recheio”. O DS3 é um carro estiloso, cheio de boas soluções. A dianteira é marcada pela grade cromada que forma a logo da fabricante e que se extende até formar uma entrada de ar trapezoidal que faz contraste forte com o resto. Os faróis são grandes e vão afinando em direção ao centro. Nas extremidades do para-choque estão os faróis de neblina e o filete vertical de luzes de led.

A Citroën também caprichou na lateral. A coluna central tem a parte superior coberta pelo vidro lateral, o que “descola” o teto do restante da carroceira. Como tem um formato sinuoso, este detalhe é definido pela marca como “barbatana de tubarão” e está presente nos outros modelos da linha DS. Na base da porta um generoso filete cromado dá o tom. A traseira é a parte menos ousada do carro. As lanternas são quadradas e escapam para a lateral. No centro, a logo da linha DS com o nome da marca.

Com tudo isso, o DS3 custa estratégicos R$ 79.900. Os principais concorrentes são o Audi A1 e o MINI Cooper – o One até tem o mesmo preço, mas o motor tem apenas 99 cv. Aí, o Citroën até se destaca. Afinal, para se igualar em termos de equipamento e desempenho, os dois superam com facilidade os R$ 100 mil. Uma diferença que pode pesar, mesmo em um segmento em que as cifras nem importam tanto assim.

Ponto a ponto

Desempenho – A competência do motor 1.6 THP impressiona a cada vez que se pisa no acelerador. Os 24,5 kgfm de torque aparecem em sua totalidade a meros 1.400 rpm – e continua no topo até 4.500 giros. Basta acelerar para a força máxima do propulsor estar disponível. Daí as acelerações vigorosas, com direito ao corpo do motorista pressionado contra o encosto. Para se ter noção, atingir os 100 km/h demora 7,3 segundos e o compacto acelera até os 219 km/h. O câmbio manual é preciso e ajuda na esportividade. As trocas são acompanhadas de um leve barulho mecânico, parecido com um “clique”. Tipo de coisa que instiga ainda mais o pé direito. Nota 10.

Estabilidade – É outro destaque do compacto francês. Embora seja um esportivo que preserva o conforto, o DS3 é neutro e tem um comportamento exemplar nas curvas. A plataforma da PSA traz boa rigidez torcional e mantém a carroceria sempre equilibrada. A suspensão é rígida, mas não ao extremo. A direção elétrica é precisa tanto em baixa, quanto em alta velocidade e não anestesia a comunicação com as rodas. Em retas, o carro é também é estável, sem sinais de flutuação. Nota 9.

Interatividade – O motorista tem boa visão do trânsito tanto à frente quanto atrás. Ao lado, o design da coluna central no estilo barbatana de tubarão cria alguns pontos cegos. É preciso cuidado em conversões ou mudanças de faixa. A Citroën optou por usar o mesmo rádio que já utiliza em praticamente toda a sua linha. Ele tem funcionamento um tanto confuso, com botões na parte inferior do painel e visor no centro, além de diminuir a exclusividade do DS3. O painel de instrumentos é claro, simples e vistoso. O volante, além de bonito, tem ótima pegada. O câmbio tem engates corretos e a embreagem é leve para um carro com pretensões esportivas. Nota 7.

Consumo – É uma das vantagens do “downsizing” – motores pequenos e potentes. O computador de bordo do Citroën DS3 marcou a ótima média de 10,2 km/l de gasolina em trajeto misto. O InMetro testou o modelo e fez 11,3 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada. Nota 9.

Conforto – As dimensões do DS3 são praticamente idênticas às do C3, hatch no qual é baseado. Mas o formato da carroceria limita bastante o espaço na traseira. As pernas de quem vai ali até ficam bem acomodadas, sem tanto aperto, mas é comum a cabeça raspar no teto. O desenho da coluna central também deixa os ocupantes atrás um tanto oprimidos, com pouca visibilidade do lado de fora. A suspensão faz um trabalho correto em termos de absorção de impactos. Filtra a maioria dos solavancos, mesmo sendo rígida. Os bancos são confortáveis e apoiam bem motorista e passageiro, com direito até a abas laterais. Nota 7.

Tecnologia – O DS3 usa uma plataforma nova, inaugurada pelo C3 em 2009, que tem ótima rigidez torcional. O motor também é moderno, com turbocompressor e injeção direta de gasolina. Ele entrega força e é econômico ao mesmo tempo. A lista de equipamentos é condizente para um carro que quer vender a ideia de requinte, com direito a seis airbags e controle de estabilidade. Faltam apenas alguns itens extras de conforto necessários para um modelo de R$ 80 mil, como sistema multimídia. Nota 9.

Habitalidade – Como a maioria dos carros de duas portas, o DS3 não é muito prático para mais de dois passageiros. Para os que vão na frente, as portas grandes até ajudam. Mas entrar no banco traseiro requer alguma dose de elasticidade. Em relação ao C3, o porta-malas perde apenas 20 litros e fica com 280 l. Algo suficiente para uma viagem de fim de semana, por exemplo. Existe boa oferta de porta-objetos no interior, com muitos lugares para guardar objetos de uso pessoal. Nota 7.

Acabamento – Mesmo sem materiais extremamente nobres, o interior do DS3 agrada pelo aspecto geral. Além do desenho inspirado, as peças têm montagem precisa.
A composição de cromados, peças em alumínio, plásticos emborrachados, couro e painéis com acabamento laqueado com a mesma cor da lataria é bem equilibrada e dá um toque extra de charme. Os bancos tem couro de qualidade e são vistosos. Nota 8.

Design – Apesar de remeter ao DS original da década de 1950, O DS3 não é exatamente um carro retrô como o Mini e o Fiat 500, por exemplo. Ele tem um ar moderno, com linhas muito inspiradas. Quase todo elemento do DS3 é bem pensado e resulta em um resultado que entorta pescoços nas ruas. Destaques para o teto pintado em cor diferente da carroceria, a “barbatana de tubarão” na coluna e os diversos cromados espalhados pela carroceria. Nota 9.

Custo/benefício – Comparado a um compacto comum, o DS3 é muito caro – ainda mais porque paga todos os impostos de importação. O compacto no Brasil que tem recheio mais próximo é o Fiat Punto T-Jet, que completo custa 20% menos, mas é menos potente e um pouco menos equipado. Mas se a comparação for com modelos de imagem importados, o modelo da Citroën se sai bem. É um pouco mais barato que o Hyundai Veloster e ainda é mais esportivo. Já Audi A1 e MINI Cooper são consideravelmente mais caros. O modelo inglês até tem versões com valores semelhantes, mas bem menos requintadas e potentes. Uma versão do Mini com desempenho parecido sai a mais de R$ 100 mil. Já o A1 começa em R$ 95 mil e só ganha requinte através dos caríssimos opcionais da marca. No final das contas, pelo status e pela função, o DS não está nada fora da realidade. Nota 7.

Total – O Citroën DS3 somou 82 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - Humor próprio

O DS3 não demora a encantar quem está ao volante. A começar pelo visual inspirado. É difícil andar no carro pelas ruas e não perceber vários olhares em direção ao veículo. E a cor amarela, bem chamativa, ajuda neste ponto. O charme é inegável e ajuda na essencial função dos “funcars”, que é chamar a atenção.

O interior também aplica uma proposta “moderninha”. A parte central do painel tem a mesma cor da carroceria em um plástico laqueado de boa qualidade. Na parte de cima há material emborrachado que aumenta o requinte. As linhas são bonitas e tudo combina, desde as estilosas saídas de ar até o pequeno frasco de perfume perto do volante.

O curioso é que, para criar uma linha de luxo, a Citroën pareceu tentar esconder a sua própria marca. Se algum desavisado sentar na posição do motorista, não terá ideia de que se trata de um veículo da marca do “double chevron”. A logo do volante foi trocada pela da linha DS e só um pequeno letreiro nos mostradores revela a real herança do DS3. Mas detalhes como o rádio e os comandos do ar-condicionado são os mesmos de diversos outros carros da PSA.

Ao volante, o DS3 também não lembra em nada os seus companheiros de concessionária. O motor 1.6 THP é inédito em um Citroën vendido por aqui. O comportamento é dos melhores. O torque é farto e disponível em larga faixa de giros. Isso deixa o modelo sempre aceso e ágil.

Em quase todas as situações de trânsito, o compacto responde prontamente às pisadas no pedal da direita e joga os ocupantes contra o banco. A escolha de só equipar o DS3 “brasileiro” com câmbio manual foi exatamente para explicitar a verve esportiva do carro. E a transmissão faz bem esse papel. Tem engates precisos e o trambulador ainda faz um instigante som metálico nas trocas de marcha.

A dinâmica do DS3 é realmente voltada para esportividade. As dimensões e distribuição de peso ajudam, mas o destaque é para a plataforma e o acerto de suspensão, que deixam o carro sempre com aderência. O modelo encara com desenvoltura uma sequência de curvas e mantém a estabilidade.

Em caso de exageros, o controle de estabilidade entra em ação de maneira até suave, deixando o motorista fazer parte do trabalho de devolver o carro à trajetória correta. Na Europa ainda há a versão Racing, ainda mais “nervosa”. O desempenho pode até ser melhor, mas os ajustes mais rígidos da suspensão certamente deixariam o modelo praticamente inutlizável nas sempre esburacadas ruas brasileiras.

Ficha técnica - Citroën DS3

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, turbo, com quatro válvulas por cilindro. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm.

Aceleração 0-100 km/h: 7,3 segundos.

Velocidade máxima: 219 km/h.

Torque máximo: 24,5 kgfm entre 1.400 e 4.500 rpm.

Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com barra de torção, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 205/45 R17.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás.

carroceria: Hatch em monobloco com duas portas e cinco lugares. Com 3,94 metros de comprimento, 1,71 m de largura, 1,48 m de altura e 2,46 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.

Peso: 1.165 kg em ordem de marcha.

Capacidade do porta-malas: 280 litros.

Tanque de combustível: 50 litros.

Produção: Poissy, França.

Lançamento mundial: 2009.

Lançamento no Brasil: 2012.

Itens de série: Ar-condicionado automático, vidros e travas elétricas, direção com assistência elétrica, travamento das portas por controle remoto, rodas de liga leve de 17 polegadas, airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS, leds de iluminação diurna, rádio/CD com Bluetooth, apoio de cabeça central traseiro, alarme perimétrico.

Preço: R$ 79.900.
http://www.noticiasautomotivas.com.br/c ... -intimida/

[bicudo]

Muito boa a matéria realmente encanta ao dirigir
E aí Vinícius já fez um teste drive legal nele?

[vtr2008]

Pior que só olhei ele por dentro, por fora e não tinha test drive nas duas vezes que vi o carro.

Melhor nem andar agora pra não fazer bobagem...hehe

Vamos esperar o LOTE DA DIRETORIA! hehe

[NewtonMacuco]

Dei uma volta no carro gostei muito do interior.